Aquando da morte de Lenine, em 1924, o problema delicado da sua sucessão levou às disputas, dentro do Partido Comunista.
Estaline, o secretário-geral do partido, desde 1922, venceu as eleições, levando a melhor sob a facção mais à esquerda, liderada por Trotsky, e também sobre a facção direita, agrupada em torno de Zinoviev, Kamanev e Boukharine.
A tese de Joseph Staline defendia a consolidação da Revolução Bolchevique primeiro dentro da U.R.S.S. e, uma vez correctamente consolidada, avançar-se-ia para a expansão dos ideais comunistas a uma escala mais global. Era a tese da revolução num só país. Por outro lado, Trotsky admitia uma revolução constante e universal.
Estando Estaline à frente do poder, inicia-se de imediato um processo de controlo absoluto da totalidade das estruturas do poder e da direcção do partido. Foi este processo que o tornou no chefe incontestável da Rússia Soviética, em 1928.
A sua acção política é realizada em torno de dois propósitos fulcrais, até 1953: a construção irreversível da sociedade socialista e a transformação da União das Repúblicas Socialistas e Sovietes numa gigantesca potência mundial - o que ocorreu, com a vitória dos Aliados, na Segunda Guerra Mundial. Para tal, adpotou como estratégias a colectivização e a planificação da economia e, por outro lado, a instauração de um Estado totalitário.
Quanto à colectivização da economia, reforça o Centralismo Democrático, paralelamente ao reforço do Centralismo Político, iniciado por Lenine, durante o Comunismo de Guerra.
A partir de 1928, terminou a NEP, que admitia a necessidade do sistema capitalista afim de reconverter o rumo da crise, e com o respectivo processo liberalizador. Arranca efectivamente para a nacionalização de todos os sectores económicos. Assim, empreendeu a grande viragem para o socialismo.
Cinco anos posteriormente, praticamente não restava propriedade privada na URSS: o Estado Russo Soviético tinha nacionalizado o subsolo, as instalações fabris, as redes de distribuição do comércio, de capitais e de outros rendimentos.
Antigos proprietários tornavam-se meros assalariados. Este processo sofreu uma grande oposição pelos Kulaks e pelos Nepmen, originando uma repressão massificada.
Dessa repressão resultaram milhões de mortos e deportados para os campos de trabalhos forçados. Era uma manifestação quer da força quer da autoridade do centralismo democrático estalinista.
Já que a propriedade privada fora elimitada com a nacionalização, o Estado Soviético opta pela implantação de uma rigora planificação dos sectores económicos, radicalmente antagónica aos princípios da livre iniciativa e da livre concorrência, regentes da economia capitalista do mundo ocidental.
A economia soviética era integralmente dirigida e subordinada aos planos fixados por Estaline, ou seja, pelo Estado.,
Quanto à planificação, a propriedade rural foi organizada segundo dois tipois de propriedades, apoiadas por grandes parques de máquinas. Logo se constata que a planificação da agricultura tinha em vista a mecanização. Assim, tem-se os Kolkhozes e os Sovkhozes. Os Kolkhozes eram propriedades de dimensão considerável, trabalhadas pelos camponeses, geralmente da mesma região. Os Sovkhozes eram grandes propriedades dirigidas directamente pelo Estado. Habitualmente reduzido, os trabalhados tinham um salário fixo.
No que toca ao sector comerical, este foi organizado em cooperativas de consumo local em armazéns de dimensão estatal, como a propriedade rural.
A indústria foi organizada sob os Planos Quinquenais, os quais admitiam um desenvolvimento industrial em sucessivos períodos, cuja longevidade era de cinco anos. O primeiro plano, entre 1928 e 1933, deu total prioridade à indústria pesada. Estaline queria criar sólidos fundamentos para programas industriais futuros, que fossem garantidores da independência económica do país - observa-se o desejo para a concretização do ideal autárcico, também pois era o único país com o sistema socialista. Este primeiro plano serviu de fomento à construção de redes de comunicação, de exploração de matérias-primas e de produção de géneros alimentares. Seguidamente, o segundo plano quinquenal, realizado entre 1933 e 1938, visava o desenvolvimento da indústria bélica e alimentar. A preocupação de Estaline relativamente à autarcia também se manifestou com o preenchimento das carências da população. Por isso, aumentou a qualidade de vida das pessoas. O último plano quinquenal viria a realizar-se entre 1938 e 1943, embora tenha sido interrompido pelo início da II Guerra. Pretendia o desenvolvimento do sector energético e das indústrias químcas.
Os planos quinquenais foram recomeçados após 1945, com o final do conflito. Os seus objectivos foram direccionados para a recuperação económica e para a investigação científica.
A autoridade central teve como duas manifestações a colectivização e o sucesso dos planos quinquenais.
Dada a debilidade económica da Rússia Soviética, a investigação estalinista somente foi concretizada graças a uma disciplina forte, pois a maioria da produtividade provinha dos campos de trabalhos forçados. Deveu-se igualmente Às deportações massificadas dos trabalhadores. Também se apelou ao interesse pessoal, com a atribuição de prémios, que podiam chegar até à glorificação pública. Refere-se também o indubitável contributo da acção propagandística, responsável pela instituição do culto a Estaline e ao Estado Soviético.
Apenas num país, com as características que a URSS tinha, um poder central com autoridade ilimitada seria capaz de manter a unidade pretendida. Estaline instituiu esse tipo de poder.
Quer a colectivização quer a planificação da economia são duas das manifestações do líder da URSS. Logo, registou-se uma evolução do centralismo democrático para uma ditadura. Todavia, não era a ditadura do proletariado, mas sim a ditadura do Partido Comunista. O dirirgente máximo e Presidente da República era Estaline.
Desde 1924, o líder empreendeu uma maquiavélica perseguição a todos os possíveis opositores do regime. Eliminou potenciais concorrentes do poder, tal como ocorrera com Trotsky. Em 1939, praticamente todos os velhos bolcheviques estavam afastados do Partido, pois tinham sido condenados à morte ou aos campos de concentração. Ainda podiam ter sido expatriados.
Tal como já mencionei, a liberdade económica foi extinta com a planificação e com a colectivização da agricultura, do comércio e da indústria, ou seja, de todos os sectores económicos da Rússia Soviética.
A Rússia tornou-se oficialmente num Estado autocrático com a promulgação da Constituição de 1936. Na prática, em nada divergia dos totalitarismos de direita que se afirmavam no resto do Continente Europeu, à excepção do repúdio ao socialismo, que estes últimos defendiam.
Afirmou-se uma elite de quadros do partido - os seguidores incondicionais de Joseph Stalin. Tratava-se da nomenklatura, a qual sustentava a força política disciplinadsamente, numa extrema manifestação da burocratização dos exagerados poderes detidos pelo Estado.
Deu-se a arregimentação das massas, em organizações próprias para o efeito, feitas pelo Partido, desde a fase infantil. Era uma das tantas formas de controlo da ideologia política.
Praticou-se o culto do Chefe e do Estado, ao ter em atenção as manifestações culturais, que eram condicionadas pela persistente e exaltada divulgação dos grandes feitos e da própria figura de Estaline.
Fez-se o culto da violência e negaram-se os direitos humanos, pois a feroz polícia política -a NKVD - perseguia, prendia, julgava e condenava às mais arbitrárias condições. Sobrepunha-se às mais básicas manifestações de independência do poder judicial. A população da Rússia Soviética desconhecia o termo "liberdade ideológica". O governo de Estaline ia até à privação da liberdade de circulação dentro da União. As pessoas eram forçadas a circular com o passaporte.
É fácil inferir que nada escapava ao controlo do Chefe da URSS.
Quer em França quer em Espanha, as dificuldades económicas sentidas, sobretudo no período relativo à Grande Depressão, e o avanço dos regimes totalitários por toda a Europa levaram os cidadãos a mobilizarem-se para a formação de alianças políticas, que se denominavam as Frentes Populares.
A Frente Popular francesa era formada por socialistas reformistas, por comunistas e por partidos radicais, tendo iniciado a campanha para as eleições legislativas com uma intensa denúncia das divisões da esquerda alemã, nas quais estava incluído o Partido Nacional-Socialista ou Nazi. No decorrer da campanha eleitoral, também propuseram o relançamento da economia nacional, pois como já tinha anteriormente mencionado estávamos no período da globalização do Crash de 29. Essa proposta tinha subjacente a melhoria das condições de vida do operariado e do campesinato francês.
A Frente Popular, com o lema "Pelo pão, pela paz, pela liberdade", ganhou as eleições, em 1936. Assim, constituiu-se como um governo de coligação democrática, que estava apoiado totalmente pelos comunistas - que nele não tiveram assento - e que foi presidido por Léon Blum.
No poder durante dois anos, estes governos desenvolveram uma política intervencionista, tal como fizera o New Deal e o Governo Nacional britânico. Na sua acção de tipo intervencionista desvalorizaram a moeda, nacionalizaram o Banco de França e alguns sectores fulcrais da economia francesa, tais como as indústrias bélicas e de caminhos-de-ferro.
Para além disso, foi também instituido o Wellfare State na França, dado o grande impulso na legislação social. Concedeu-se a liberdade sindical aos trabalhadores, não fosse a Frente Popular Francesa um governo dos trabalhadores e para os trabalhadores, aumentos salariais, redução do horário laboral, férias anuais pagas e outras remunerações sociais. Também se instituicionalizou o plano nacional de reformas.
Assim sendo, conclui-se que a classe operária estava dignificada, com a melhoria da sua qualidade de vida.
Previamente ao crash bolsista de 1929, vigorava a doutrina de Adam Smith - a do capitalismo liberal -, segundo a qual o mercado apenas deveria ser regido pela livre concorrência, baseada na lei da oferta e da procura. Como já estudámos, o capitalismo liberal florescia sob a forma de pequenas e numerosas empresas, que concorriam a uma fatia do mercado, com a ausência total do Estado (tinha um papel completamente passivo). Smith afirmava que o mercado era capaz, por si só, de atingir um equilíbrio natural e também que o progresso constante levaria a Humanidade à condição ideal, sem escassez e com um bem-estar na sua plenitude.
Ainda antes de 24 de Outubro de 1929 se interpretavam as crises cíclicas como reajustamentos naturais, que se resolveriam autonomamente. Daí a velha máxima liberal de que a regulamentação das actividades económicas por parte das entidades Estatais era completamente desnecessária.
Esta imagem resume na perfeição a perspectiva norte-americana acerca da economia, aquando da década de 1920.
Tal como fora referido na última entrada do blog, a Grande Depressão termina o capitalismo liberal. São os próprios teóricos do liberalismo a admitir um papel activo do Estado, perante as fragilidades visíveis da economia liberal, confirmadas com as frequentes crises (1920-21 e 1929-30). Logo, defendiam que o Estado deveria participar activamente na regulamentação das relações estabelecidas no mundo laboral. Também lhe caberia a criação de condições propícias ao desenvolvimento das economias nacionais.
Questionando a capacidade auto-reguladora do Estado, afirmada inicialmente por Smith, os liberais passaram a dizer que era a sua intervenção a forma mais eficaz e mais segura para que as desigualdades sociais e para evitar o agravamento das crises cíclicas.
Por conseguinte, deu-se a evolução de alguns economistas liberais para intervencionistas.
O mais acérrimo defensor deste intervencionismo foi John Keynes, o qual criticou as políticas deflacionistas. Por isso, defendeu a adopção de uma inflação controlada. A seu ver, era a única maneira para o relançamento dos lucros empresariais. Assim sendo, poder-se-ia converter o ciclo vicioso da crise no ciclo vicioso da prosperidade.
Logo, os primeiros lucros abririam as portas a novos empregados. Esses, agora com remunerações fiduciárias, teriam novamente poder de compra. Se se dá um aumento no poder de compra, haverá igualmente um incremento na procura.
Com um aumento na procura de bens, a produção sofrerá estímulos, afim de ser capaz de responder a tal procura. Para o conseguir, seriam necessários mais trabalhadores, pois a produção teria de ser aumentada. Este ciclo aqui descrito seria sucessivamente repetido.
Entra o Estado: teria de acompanhar o aumento no emprego, transformando-se num novo e importante patrão, com a adopção de medidas de combate ao entesouramento improdutivo, de investimento, de ajuda às emrpesas em dificuldade.
Claramente inspirado em Keynes, Roosevelt decide adoptar, desde 1933, um programa de reformas sociais e económicas. Era a altura do New Deal, que teve duas etapas: a superação dos efeitos da Grande Depressão e a instituição do Wellfare State,
Em primeiro lugar, Franklin Roosevelt adoptou rigorosas medidas financeiras. O Estado Norte-Americano interviu nas actividades bancárias, de modo a reorganizar as instituições, tendo igualmente encerrado as que não se mostravam viáveis. Participou no controlo austero das actividades especulativas (pois fora efectivamente a especulação a grande causadora da crise) e ainda desvalorizou o dólar, que tinha sido desvinculado do padrão-ouro, afim de diminui a dívida externa e para subir a inflação - constata-se, por conseguinte, a inspiração na proposta de John Keynes -, sempre de forma controlada.
Nesta conjectura de crise, foi visível uma política de grandes obras públicas. Facultou a redução da taxa de desemprego, em concorrência com a iniciativa privada na oferta de postos de trabalho e, simultaneamente, a promoção do desenvolvimento dos sectores estruturantes da economia.
De seguida: o rigoroso controlo da produção agrícola. O governo de Roosevelt ordenou a redução das áreas de cultivo, pois diminuir-se-ia a produção num espaço de tempo muito curto, podendo estabilizar os preços. Para o fazer, indemnizou os proprietários rurais. Posteriormente, eles ainda foram subsidiados para que criassem novos postos de trabalho e para que relançassem a actividade agrícola, agora em moldes mais modernos.
Terminou-se a primeira fase do New Deal com o controlo da produção industrial, pela regulamentação extremamente rigorosa das quotas de produção, dos preços dos produtos, dos horários laborais, dos salários, da publicidade. Logo, evitou a concorrência desleal entre os produtores e garantiu a qualidade do trabalho do operariado.
A segunda etapa, a instituição do Estado de Providência, era completamente oposta a anteriores doutrinas liberais, que defendiam que o Estado não tinha de se preocupar com os direitos sociais do povo. Era a responsabilidade das pessoas de poupar para a doença, velhice, desemprego.
Ora, o New Deal ao incluir uma intensa publicação social originou uma nova concepção do Estado: era agora um Estado que tinha o dever de garantir a felicidade e o bem-estar aos cidadãos. Essa era a condição do desenvolvimento económico nacional.
Assim sendo, Roosevelt instituiu a reforma por invalidez e por velhice, criou o fundo público do desemprego e auxílio aos necessitados, instituiu o salário mínimo e definiu o horário semanal de trabalho.
A Inglaterra foi um dos países europeus onde a Grande Depressão mais se sentiu. Porém, o comunismo e o fascismo não tiveram grande aceitação entre a população inglesa, que estava muito ligada aos partidos tradicionais.
Surge como grande força política o Partido Trabalhista, inspirado no socialismo reformista. Congrega o apoio do operariado e da maioria dos sindicatos. Este partido aceita uma coligação num Governo Nacional, para intervir na resolução das dificuldades provocadas pela globalização da crise de 1929.
Obteve um sucesso relevante da intervenção do Governo Social: apoiaram empresas industriais e agrícolas; lançou-se uma política proteccionista. Esta política tinha como propósito o reforço das relações comerciais com os países da Commonwealth e a promoção dos produtos nacionais.
A nível social, instituiu-se o Estado de Providência, quando foi publicado um conjunto de medidas de protecção social: o lançamento de um programa de construção de habitações sociais para os operários; férias pagas e remunerações sociais - o subsídio de velhice, de viuvez, de orfandade e de desemprego.
Herbert Hoover nasceu no ano de 1874, no Estado de Iowa, nos EUA. Era filho de um ferreiro, tendo sido criado no Estado de Oregon, na costa oeste.
Matriculou-se no ano de 1891 na Universidade de Stanford, o mesmo da instituição dessa faculdade. Formou-se como engenheiro de mineração.
Trabalhou na China, para uma corporação privada, na qualidade de principal enengenheiro do país.
Quando a Alemanha declarou guerra à França (início da 1ª Grande Guerra), o Consulado Geral norte-americano pediu o auxílio de Herbert Hoover para a aevacuação de turistas em dificuldades. Ajudou cento e vinte mil norte-americanos no regresso a casa.
Aquando da entrada norte-americana no conflito mundial, o Presidente Wilson decide nomeá-lo Chefe da Administração de Alimentos. Em 1921, ajudou a URSS atingida pela fome. Mesmo que tenha sido amplamente criticado por ajudar o bolchevismo, Hoover afirmava que vinte milhões estavam famintos e que precisavam de ser alimentados urgentemente, independentemente da sua ideologia política.
Após ter servido os Presidentes Harding e Coolidge enquanto Secretário do Comércio, tornou-se candidato presidencial da ala republicana, em 1928. A sua eleição aparentava ser a garantia da prosperidade. Todavia, um ano depois era a altura da Grande Depressão.
Mesmo com EUA na miséria, Hoover era crente da não-intervenção do Estado na economia. A população estava bastante desagradada com a política de crise. Acabaram por denominar os bairros de lata "Hoovervilles" ou "Cidades de Hoover" - na imagem podemos observar um trocadilho: "Hard times are still HOOVERing over us", querendo dizer que Hoover ainda estava no governo e que, resumidamente, era essa a causa da desgraça. Logo, (Hoover que em inglês quer dizer pairar) os maus tempos ainda pairavam sobre a população.
Começa a ser criticado brutalmente no Congresso e, nas presidenciais, o candidato Franklin Delano Roosevelt ganha, em 1932.
Continua a criticar a política intervencionista do Estado de Roosevelt - o New Deal.
Faleceu aos 90 anos.
Feito por Joana Oliveira Fonte:http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_496.html
Pouco tempo depois de ter terminado a 1ª Guerra Mundial, em 1918, evidenciava-se uma extraordinária dependência relativamente aos EUA, da Europa arruinada económica, social e politicamente.
Os EUA elevam-se à categoria de primeira potência mundial, seguidos do Japão, ao ter em conta o triângulo financeiro do pós-guerra: os EUA enviavam capitais para o Reino Unido, para a França e para a Alemanha (era considerado o elo comum entre estes países). Por outro lado, a França e a Grã-Bretanha procuravam pagar tais empréstimos - os norte-americanos enviavam géneros, produtos industriais e dinheiro em bruto também, tendo em vista a reconstrução europeia - com o capital enviado pela Alemanha - recorde-se que, no Tratado de Versalhes, tinha ficado definido que a Alemanha, enquanto grande causadora do primeiro conflito à escala global, teria de efectuar o pagamento de avultadíssimas indemnizações, para que os outros países, os Aliados, pudessem mais facilmente reconstruir as suas sociedades. Nesta reconstrução, efectuada pelo triângulo financeiro, entram os EUA: enviam géneros alimentares, de modo a combater a fome, e produtos industriais, afim de reconstruir as infra-estrutuas bombardeadas.
De modo a pagar aos EUA o capital, ao qual se somavam os praticamente insuportáveis juros, a Europa começa a ser lentamente sugada economicamente. Simultaneamente, o continente norte-americano produzia freneticamente para o seu mercado externo - a Europa, totalmente arruinada, dado que tinha sido o palco principal da primeira guerra -, o qual era óptimo, pois o continente irradiava uma imagem de destruição massificada e precisava urgentemente de ser reconstruído. No momento em que a Europa evidencia sinais de incapacidade de pagamento dos empréstimos e também na altura em que mostra ínfimos sinais de reconstrução, cessa a continuidade de tais empréstimos. Por conseguinte, se já não existe mercado externo e tendo em especial atenção que os EUA continuavam a produzir a um ritmo elevadíssimo - como mencionado anteriormente - deixa de existir escoamento de stocks, dentro dos principais secores económicos norte-americanos.
Deflagra a crise de 1920-21. a mentalidade dos EUA, dos grandes senhores da economia, começa a sofrer alterações. As empresas reduzem drasticamente os preços, afim de aumentar o escoamento de stocks. Exploram-se novas fontes energéticas, tais como o petróleo e a electricidade, e novos ramos industriais, nos quais sobressai efectivamente o sector automóvel. Nesta conjectura de crise, refere-se igualmente o relançamento da agricultura. Para além disso, as empresas dos sectores industriais adoptaram um novo método de racionalização do trabalho: o taylorismo, no qual cada operário realizava exlusivamente uma tarefa (observa-se na imagem ao lado o princípio fulcral deste método, o de cada operário realizar apenas uma tarefa, como já se referira anteriormente). Recorreu-se ainda, neste conjunto de medidas anti-crise, à concentração capitalista empresarial, com os objectivos de rentabilizar esforços e de relançar a economia nas sociedades industrializadas. Evidenciam-se algumas modificações na estrutura económica norte-americana, visto que os grandes se consciencializaram da necessidade de completa devoção ao mercado interno, tendo em conta que o externo já estava saturado. Assim, as empresas usam ineditamente a publicidade, para promover os seus produtos junto do povo-norte americano. Pela primeira vez na História, criou-se o pagamento a crédito, que se viria a mostrar, apenas alguns anos mais tarde, mais periogoso do que alguém alguma vez imaginara. Finalmente, as empresas constaram que, graças a esta crise de superprodução e com o aumento quase ininterrupto da taxa de desemprego (note-se que os operários que não tinham sido dispensados viam o seu salário encolhido) o poder de compra do povo norte-americano só não desaparecera graças a um quase-milagre. Ora, se não existe poder de compra, ou se ele está consideravelmente diminuído, mais produtos não sairão dos armazéns, mais terão de ser diminuídos os preços, menos lucro e rentabilidade haverá e mais desemprego em massa existirá. Por esta lógica, ficou definido que os salários sofreriam um aumento.
Este consumo massificado culminou na aparente prosperidade económica dos anos 20 e à mentalidade dos "loucos" ou "ruidosos anos" que vigorara nesta década. Não poderia ter sido mais enganadora (na imagem que o leitor pode observar ao lado, constata-se uma referência a uma das danças mais características dos loucos anos 20 - o foxtrot).
Mesmo antes do 24 de Outubro de 1929, existiam sectores considerados tradicionalmente fulcrais para a economia norte-amerciana, que demonstravam uma forte incapacidade de recuperação da última crise, ao evidenciarem grandes dificuldades em acompanhar a conjectura de crescimento económico, definida após a crise de 1920-1921. Note-se que existiam indústrias (extracção do carvão, da construção ferroviária, dos têxteis tradicionais e dos estaleiros navais) que não tinham sido capazes de recuperar os índices anteriores a 1920 - realça-se que os sectores automóvel e imobiliário já estavam em crise desde 1929 e 1926, respectivamente. Por outro lado, no espaço de oito anos, tinha-se verificado um desenvolvimento significativo da mecanização. Por conseguinte, se as máquinas resultavam em maior produtividade e se não reivindicavam o pagamento salarial por serem apenas máquinas, tal desenvolvimento da mecanização era a razão para a persistência do desemprego crónico. Já no sector agrícola, a agricultura evidenciava ser uma actividade pouco compensadora, ao atentar na incessante descida dos preços, enquanto tentativa de escoar os géneros alimentares. Visto que os preços estavam notoriamente baixos, registar-se-ia uma queda no lucro dos proprietários, a maioria endividada. O campesinato chegou mesmo a queimar as colheitas, afim de evitar a diminuição no lucro (é possível que se faça uma comparação com o séc. XXI e com os finais do séc. XX - também se destruía o leite, sobretudo no continente europeu. Foi esta situação que levou a União Europeia a criar o sistema de quotas. ). Tal situação deflacionária, inevitável na agricultura dos EUA, era como uma doença infecciosa que se espalhava e trazia dificuldades no consumo sustentado dos produtos industriais. Dado que uma das medidas da conjectura de crise de 1920-21 fora a criação do pagamento a prestações e a concessão de crédito (tinha como meta incrementar o consumo interno) era claro o forte endividamento da população norte-americana. Revelou ser o recurso mais fácil para manter os elevadíssimos índices de consumo. Assim, esta prática excessiva era igualmente produto da especulação bolsista, pois um número elevado de accionistas recorria ao crédito - daí que as acções compradas a crédito se denominassem "acções à margem" - para a aplicação de compra de acções. A grande maioria de acções de Wall Street eram fictícias.
Era a especulação financeira, na Bolsa de Wall Street, que prenunciava os piores tempos da economia dos EUA, simultaneamente que a Bolsa de Londres perdia o prestígio de ser o centro bolsista mundial, ganhando Wall Street esse título. Os aforradores (incvestidores) americanos preferiam não aplicar as suas poupanças no sector produtivo. Em vez disso, canalizavam-nas para negócios financeiros especulativos.
Era um hábito bastante prestigiado o jogo na bolsa, dado que resultava num lucro fácil e rápido.Todas as pessoas de todas as classes eram capazes de o fazer. As acções das empresas atraíam mais e mais investidores, num jogo financeiro. Por conseguinte, a grande maioria dos títulos atingia um valor perigosamente inflaccionado (definição de inflação: subida geral dos preços, graças às distorções entre a procura e a oferta, ou seja, quando a procura é superior à oferta, e entre a quantidade de moeda que circula e a produção/circulação de riquezas), na ilusão de que os bancos estimulavam esta especulação bolsista (definição de especulação: operação comercial com lucros exagerados e pouco legítimos), pela concessão de empréstimos a entidades particulares e pelo investimento de uma percentagem elevada dos seus capitais nos mercados de valores mobiliários, isto é, na Bolsa.
Em meados de 1929, tanto a produção agrícola, como a produção industrial atingiam níveis demasiado elevados. Por outro lado, tal não era a especulação, os índices bolsistas atingiam constantes recordes.
Desta maneira, começaram a evidenciar-se indicadores que prenunciavam a crise. Denunciavam a acumulação de excedentes nos armazéns, em sectores da economia fulcrais (exemplo: o sector automóvel), constatando-se, consequentemente, a realidade da superprodução.
Nos mercados bolsistas, a grande maioria das acções tem ordem de venda. Perante a queda ininterrupta dos seus valores em 24 de Outubro, não havia compradores para a quantidade de títulos existentes no mercado. Esse dia ficaria conhecido como a "Black Thursday" ou "Quinta-feira negra".
Foi o crash de Wall Street (na imagem ao lado, observa-se a manchete do jornal inglês London Gerald, que coloca em destaque "Wall Street Crash" ou o crash de Wall Street).
Nos EUA, o crash mostrou-se logo caótico. Milhares de particulares, cuja grande percentagem estava endividada, ficaram arruinados. O poder de compra registou uma diminuição acentuada e, por isso, acentuaram-se os sinais de superprodução, visto que a o população se via quase sem poder de compra, não era capaz de comprar quer géneros alimentares, quer produtos industriais, constatando-se, por conseguinte, que os preços mesmo tendo chegado a valores incrivelmente baixos, não conseguiam compradores. Para além disso, dado que os particulares que deviam dinheiro à banca tinham ficado arruinados, não sendo capazes de pagar os seus empréstimos, e também pois os bancos tinham investido grande parte do capital em Wall Street, milhares de bancos foram à falência. Levaram consigo para o abismo da crise milhares de empresas, dependentes dos seus capitais - 10 000 bancos faliram entre 1929 e 1936, graças à paralisia da economia norte-americana, visto que cessou a grande base da prospteridade americana: o crédito. Não foram só os bancos entraram em falência, mas também as fábricas, pois os produtos, mesmo com um preço diminuto, não tinham compradores (abaixo, tem-se um gráfico que mostra o comportamento do índice Dow Jones em 1929, ano da quebra da Bolsa de Nova York. Este gráfico foi retirado do Wall Street Journal de 1º de janeiro de 1930).
Para além de consequências na economia, o dia de 24 de Outubro teve também repercusões no domínio social. Milhares na miséria, filas intermináveis para a sopa dos pobres, bairros de lata - esta era a imagem dos EUA logo após o crash. As pessoas vagueavam de terra em terra à procura de emprego, com um crescimento da taxa de desemprego a níveis galopantes. Com famílias inteiras na miséria, nas grandes cidades, observava-se o cenário constrangedor de filas gigantescas para uma sopa. Finalmente, refere-se que como famílias não tinham um único ente empregado e como na altura era bastante frequente arrendar uma casa em vez de a comprar, cresceran os bairros de latas nas zonas periféricas das mettrópoles, à medida que aumentavam os despejos por incumprimento no pagamento das rendas. Resumidamente, a crise de 29 originara 14 milhões de desempregados, a proletarização da sociedade, aumento da criminalidade, da mendicidade, dos suicídios e dos antagonismos sociais.
À medida que se aacentuavam os efeitos sociais da crise, agravavam-se os efeitos económicos. O crash do dia 24 fez com que se vivesse o círculo mais vicioso e mais grave da História - o leitor pode constatar pelo gráfico ao lado, que se refere ao crescimento do dólar, que esse esteve em constantes subidas e descidas. O próprio gráfico afirma que o mercado norte-americano não iria recuperar até à década de 50.
A crise económica nos EUA não iria ficar por aí: todo o mundo ficaria afectado. Seria a Grande Depressão dos anos 30.
O mundo inteiro, à excepção da U.R.S.S. (o sistema político diferenciava, pois na Rússia Soviética o sistema era o comunismo e no resto do mundo era o capitalismo liberal), dependia da prosperidade económica dos EUA. Por conseguinte, é fácil concluir que a falência da economia norte-americana arrastou inevitavelmente a falência da economia mundial. O processo de globalização iniciado por Portugal, aquando dos Descobrimentos, evidenciava agora a sua nefastidade. A crise que se estendera, numa primeira fase, exclusivamente aos EUA, era agora uma preocupação de quase todos os países. Era o período da depressão mundial.
No primeiro pós-guerra, os norte americanos tinham concedido uma enorme quantidade de capitais à Europa devastada, tendo-se estendido a prosperidade económica norte-americana ao resto do globo. Após o governo norte-americano se ter consciencializado da proporção que o acontecimento do 24 de Outubro estava a tomar a nível interno, tornou-se categórico que o capital emprestado às nações europeias fosse imediatamente recuperado, numa tentativa de melhorar a situação económica. Tal necessidade levou à descapatilização dos Bancos que, inevitavelmente, foram obrigados a declarar falência. Seguiram-se as empresas, dependentes dos seus financiamentos. A Europa, que momentos antes do deflagrar da crise, estava a mostrar sinais de recuperação, entrou num período de agravamento das suas dificuldades. A sua situação era pior do que período imediatamente após 1918: antes tinham um financiador, agora estavam sozinhas.
Para além da Europa, a crise estendeu-se a outros países, cujas economias estavam igualmente dependentes dos EUA - a Nova Zelândia, a Austrália, o México, o Brasil, a Índia, são alguns exemplos -, os países essencialmente fornecedorde matérias-primas. Não só deixaram de ter compradores nos EUA, como também na Europa. Por conseguinte - a maioria destes países estava em vias de desenvolvimento -, mediante as dificuldades dos países consumidores, os fornecedores ficaram sem mercado externo. Daí que tenham sido forçados a diminuir os respectivos níveis de produção. Se diminuíram esses níveis, não era necessario o mesmo número de empregados, que antes era preciso para obter uma maior produtividade). Consequentemente, as entidades produtoras despedem uma parte significva dos trabalhadores, que eram desnecessários à conjectura de crise.
Se se registou um aumento na taxa de desemprego, inicia-se o mesmo círculo vicioso anteriormente observado com os EUA. Genericamente: se não há emprego, não há salário, extingue-se o poder de compra, aumenta a fome.
Era um período de forte deflação (definição de deflação: situação económica geralmente de crise, caracterizada por uma diminuição nos preços , no investimento e na procura).
As autoridades políticas, particularmente o executivo americano, liderado por Hoover, não compreenderam a real dimensão da crise. Acabaram mesmo por piorar a situação de deflação com desastrosas medidas. Em 1930, os EUA, afim de protegerem a economia nacional, aumentaram para o dobro as taxas incidentes nas importações. Esta medida provocou dificuldades acrescidas aos países, que se viram sem quaisquer condições para adquirir a produção americana. Este ainda relacionada com o declínio do comércio internacional. Hoover decidiu ainda aumentar os impostos, na procura de mais receitas para os cofres do Estado e para aumentar o crédito, cuja concessão agora era muito mais restritiva, de modo a eliminar as empresas consideradas não viáveis.
No continente Europeu, mais propriamente na Alemanha, os funcionários públicos sofreram significativos cortes salariais. Assim sendo, o seu poder de compra foi substancialmente diminuído.
Visto que se pretendia o saneamento financeiro, evitando despesas e aumentando receitas, existiam consideráveis entraves ao investimento e ao aumento do poder de compra da população. Esta medida piorou a situação, na medida em que sem procura era impossível o relançamento da economia.
Vejam o seguinte vídeo, que é bastante ilutrativo da situação aqui descrita:
Mesmo assim, não fomos capazes de aprender com os nossos erros...
Heinrich Himmler nasceu a 7 de Outubro de 1900, em Munique. Tendo-se alistado como soldado já na primeira guerra à escala global, Himmler tornou-se membro do Partido Nazi em 1925 e chefe das SS ("Secções de Segurança") em 1933. Teve a inteira responsabilidade da criação do primeiro campo de concentração em Dachau , enquanto o braço direito de Adolf Hitler. Inúmeros autores consideram que Himmler foi ainda mais violento e sinistro do que o próprio Führer.
Este sujeito era doente, frágil, de baixa estatura (medindo apenas 1,74 metros) e - como os outros nazis, aliás - cultivou desde jovem o sonho de um mundo perfeito, dominado por uma raça perfeita - a ariana, de que os alemães eram os representantes directos. Nesse mundo, o cristianismo - considerado por Himmler como "a maior peste alguma vez criada na história" - daria lugar a uma religião baseada nos velhos mitos do povo ariano.
Dos 30 milhões que as cabecilhas nazis tencionavam aniquilar, Himmler foi o responsável directo por seis milhões de mortes de judeus. A extinção da raça judaica era imperativa.
Nomeado Ministro do Interior em 1943, numa tentativa de acabar com o derrotismo que se seguiu à conspiração de Julho e, em 1944, tornou-se comandante-chefe das forças nacionais. Em Abril de 1945 apresentou uma proposta aos Aliados segundo a qual a Alemanha se renderia aos Estados Unidos e ao Reino Unido mas não à URSS, proposta essa que foi rejeitada. Foi capturado em Maio de 1945 tendo-se suicidado.
Relembro que os seis milhões de judeus assassinados são apenas uma estimativa. Continuam a encontrar-se cada vez mais valas comuns. O número de cadávers sobe.
Convido-vos a comentarem os vídeos que aqui se seguem.
Observem os rostos dos judeus no vídeo que se segue
O que eu sinto ao ver estes pequenos filmes?
Agonia
Repulsa
Medo
Isto ocorreu há menos de 100 anos. Ainda existem sobreviventes (felizmente que houve sobreviventes) dos campos de concentração, trabalho e de extermínio.
Enquanto fazemos aqui relatos históricos, tentamos sempre não fazer juízos de valor, sermos imparciais. Foi-me totalmente impossível fazer isso. Tanta destruição, o extermínio, o sofrimento absurdo que originaram - não há palavras para descrever a 2ª Guerra Mundial e o ódio que, pessoalmente, suscita.
Ocorrem mutações sócio-comportamentais no início do séc. XX, sobretudo nos anos 20: a vida urbana transforma-se, as sociedades tradicionais desagregam-se, o trabalho desumaniza-se, verificam-se inéditos comportamentos e conceitos da vida familiar. Tudo viria a culminar numa forte crise de valores do ocidente.
Em primeiro lugar, observou-se uma crescente concentração industrial, comercial, no espaço urbano, que tornou esse espaço num foco de atracção das populações rurais, dado que tal concentração era devida a um aumento da oferta de emprego - as indústrias intensificam a sua localização nas cidades. É importante mencionar que o campesinato da civilização ocidental era alvo de condições significativamente precárias. Desta maneira, a população rural estava à procura de uma melhoria de condições de vida.
Tal afluência aos centros urbanos transformou radicalmente as cidades para autênticos núcleos gigantescos, que podiam atingir dezenas de km2 de extensão, albergando milhões de pessoas. Estas cidades levariam ao nascimento de grandes metrópoles. Ocasionalmente, estas metrópoles podiam engolir centros ubranos limítrofes, transformando tais metrópoles em megalópoles, que eram centros populacionais, que colocavam cada vez em maior evidência, características da modernidade.
As sociedades queriam deixar para trás a tão preniciosa estagnação sócio-comportamental. As pessoas queriam evoluir! Desejavam trabalhar perto das máquinas, junto da velocidade (ver documento da "Ode Triunfal" - o leitor poderá constatar que, pelo verso 5, "Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno", há um carinho pela maquinaria, que dentro deste contexto é sinónimo de mudança, de evolução).
Por conseguinte, é notável uma ruptue com os padrões de vida tradicionais, pela crescente sociabilidade urbana. Estávamos perante uma sociedade tão incrivelmente desenraizada, graças a que as grandes metrópoles, tal como as megalópoles, eram habitadas por indivíduos que tinham abandonado os respectivos núcleos familiares e que perderam as suas raízes familiares. Surgem dispersos em mundos que lhes eram desconhecidos, nos quais se submetiam a novos ritmos de trabalho e de vida. Estas pessoas, particularmente o operariado, aproveitava todos os minutos livres - evidenciando uma extrema racionalização do quotidiano. Assim, é possível constatar que o mundo urbano desproporcionava o enraizamento das populações, devido ao anonimato e à precariedade dos vínculos laborais subjacentes às novas metrópoles.
Logo, as solidariedades tradicionais desagregam-se e há uma enorme dificuldade em construir relacionamentos sólidos. As novas relações são caracterizadas pelo forte anonimato, encarado como gerador de desconfiança constante, e pela superficialidade e solidariedades. carácter abstracto. A própria organização do trabalho - em que a linha de montagem do taylorismo constituída a melhor imagem - propicia essa dificuldade de constituição de novas solidariedades. Note-se que o patrão capitalista fomenta o individualismo e o anonimato entre os seus trabalhadores, porque estava ciente do "perigo" que constituía, para os seus interesses, o associativismo operário.
Perante tais dificuldades, evidencia-se a desumanização do trabalho. O trabalho em série, a estandardização e a produção massificada tendem a vincular gradualmente o operário ao processo produtivo, subordinando-o a normas padronziadas, tal como a práticas desumanizadas. A materialização da vida humana (isto é, cada operário significava uma "coisa", algo que, em conjunto, aumentava a produtividade e, por conseguinte, a rentabilidade do patrão a que ele estava subordinado) é uma conjuntura que propiciava a sua exponenciação. Era frequente observar o patrão capitalista a aproveitar-se das necessidades materiais dos agregados familiares urbanos, como um meio para lhes exigir a total dedicação ao trabalho, pelas remunerações, mesmo sendo precárias. proporcionais à produtividade. O próprio operário acaba por substituir os tempos de lazer por outras ocupações, materialmente rentáveis, o que demonstra o quanto era comum que o indivíduo tivesse mais do que um emprego. Por isso, o trabalho racional evidencia uma tendência para se tornar num trabalho alienante ao transformar o Homem para um escravo da actividade profissional e dos valores materiais.
Consequentemente, as transformações da vida humana englobam igualmente os comportamentos inéditos, pois a vida urbana é fortemente caracterizada pela despersonalização dos comportamentos, dado que a estandardização do trabalho exigira a estandardização do quotidiano do operário. Por isso, a cultura do lazer torna-se numa das tantas novidades da nova sociabilidade urbana. Para ocuparem os tempos livres, os espaços públicos proliferam efectivamente, como os cafés, as esplanadas, os jardins, os clubes recreativos, salões de baile, cinemas e, por último, os recintos desportivos. As populações não estavam minimamente importadas com os tradicionais constrangimentos sociais. Queriam viver intensa e freneticamente, aproveitar todo o tempo disponível ao máximo! Daí que se caracterizem os anos 20 como "Loucos" ou como "Ruidosos", dado o aparecimento de novos desportos relacionados com a velocidades, novos divertimentos, procurados por uma libertina e independente juventude. É a altura da moda, brutalmente vivida pelo sexo feminino, cada vez mais emancipado.
Finaliza-se esta década com a mudança de conceito familiar. Dão-se profundas alterações na moral familiar, graças à independência dos jovens casais e à crescebte naterialização, já aqui referida. O casamento por contacto extingue-se e nasce o casamento por amor e, devido à regulamentação do divórcio - que derivou da Laicização do Estado de alguns países, como Portugal fez em 1911. Por outro lado, a sexualidade perde o estigma da sua função reprodutora, pela divulgação dos métodos de controlo da natalidade - os contraceptivos. Por isso, constata-se uma forte diminuição da taxa de natalidade, que se deveu também ao facto de a mulher agora se ausentar do lar e também ao custos em criar os filhos em concordância com prática de uma procriação responsável - mais assumida pelos casais.
Excerto da "Ode Triunfal", Álvaro de Campos - heterónimo de Fernando Pessoa
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno! Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! Em fúria fora e dentro de mim, Por todos os meus nervos dissecados fora, Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto! Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos, De vos ouvir demasiadamente de perto, E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso De expressão de todas as minhas sensações, Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas! Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical -- Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força -- Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro, Porque o presente é todo o passado e todo o futuro E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão, E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta, Átomos que hão de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem, Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes, Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando, Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma. Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime! Ser completo como uma máquina! Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo! Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto, Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento A todos os perfumes de óleos e calores e carvões Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável! Fraternidade com todas as dinâmicas! Promíscua fúria de ser parte-agente Do rodar férreo e cosmopolita Dos comboios estrénuos, Da faina transportadora-de-cargas dos navios, Do giro lúbrico e lento dos guindastes, Do tumulto disciplinado das fábricas, E do quase-silêncio ciciante e monótono das correias de transmissão!
Aqui, o leitor consegue visualizar o quotidiano típico dos anos 20
Com estes dois vídeos, o leitor visualiza melhor a diferença na urbanização
1. Facção maioritária do Partido Social-Democrata Russo; dirigido por Lenine, defendiam a luta de classes e impuseram a Ditadura do Proletariado.
2. A sua instituição deu-se no período do Comunismo de Guerra, sendo considerado o representante máximo do Proletariado; força política exclusiva.
3.Pseudónimo de Vladimir Ilitch Ulianov; liderou o Partido Comunista desde a sua fundação até 1924.
4. Primeira tentativa de revolução (1905); os liberais tentaram uma revolução, contudo a revolta popular foi esmagada pelas tropas fiéis: a 22 de Janeiro – cerca de 200 manifestantes foram mortos neste dia em frente ao Palácio de Inverno).
5. Desenvolvimento teórico e aplicação prática dos ideais de Marx e Engels na Rússia por Lenine.
6. Mês da revolução bolchevique – na qual foi derrubado o Governo Provisório.
7. Governo Provisório formado pelo Czar Nicolau II – os deputados eram figuras simbólicas; o governo continua despótico.
8.Conselhos de camponeses, operários, soldados e marinheiros da Rússia. Controlados pelos bolcheviques, apelavam à retirada da Rússia da I Guerra Mundial. Queriam o derrube do Governo Provisório e defendiam a colectivização da economia.
9.Medida do Comunismo de Guerra que permite a destruição do sistema capitalista e a colectivização da economia pela aniquilação da propriedade privada. O Estado dizia ser o gestor da totalidade dos bens colectivizados (era um meio, para atingir um fim).
Este jogo foi feito pela Joana Oliveira e pela Raquel Filipe
A primeira República, em Portugal, foi instaurada em 5 de Outubro, 1910, pretendendo tornar-se num exemplo de evolução. Mesmo que tivesse introduzido várias reformas, deparou-se igualmente com dificuldades de várias ordens.
Os Governos Republicanos introduziram reformas no sector da educação, tal como na protecção do trabalho.
Os republicanos eram extremamente crentes na importância e na força da educação, afirmando, por conseguinte, “O Homem vai sobretudo pela educação que possui”. Assim, como reformas neste campo, refere-se a criação do ensino infantil, para as crianças dos quatro aos sete anos, a obrigatoriedade do ensino, dos sete aos dez anos. Para além disso, também foram criadas escolas de Ensino Primário, assim como Técnico, escolas Agrícolas, Comerciais e Profissionais, sobretudo numa tentativa de modernizar as infra-estruturas do país (incidente, particularmente, na agricultura). Tendo em vista a formação de professores primários (para melhor responder à grande afluência de inscrições de alunos nas escolas, dado a obrigatoriedade de ensino), fundaram-se, durante o período da Primeira República (1910-1926), “escolas normais”. Quanto ao Ensino Superior, tanto a Universidade de Lisboa, como do Porto foram criadas durante este período e, para promover o estudo nas classes mais baixas, concedeu-se um maior número de bolsas de estudo. Finalmente, ainda quanto às reformas no sector educativo, procedeu-se à criação das “escolas móveis”, que tinham como finalidade o ensino dos adultos, visto que a taxa de alfabetizarão na população adulta era ínfima.
Na protecção do trabalho do povo português, legislou-se, em 1910, o direito à Greve e, em 1911, a obrigatoriedade de um dia de descanso semanal. Oito anos depois, o Governo Republicano legisla o horário laboral, em que estavam definidas as oito horas de trabalho diário, ou seja, quarenta e oito horas de trabalho semanal e ainda os grupos de trabalho. Já no movimento sindical, deu-se o aparecimento dos sindicatos, graças ao facto de os trabalhadores terem ficado cientes da união da sua força e do poder que essa união tinha. Assim, para melhor defender os interesses dos associados, criaram-se os sindicatos. Já a União Operária Nacional (posterior Confederação Geral do Trabalho – abordar-se-á a evolução seguidamente) surgiu em 1914, cuja finalidade era a união dos sindicatos numa luta comum. Acabou por ser substituída, em 1919, pela Confederação Geral do Trabalho, sendo a entidade que unia a maioria dos sindicatos e que organizou grandes greves gerais.
Por último, o movimento feminista da emancipação da mulher que se estendia na Europa, assim como nos EUA, chegou igualmente a Portugal. Em 1909, é fundada a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e, no ano seguinte, contava já com quinhentas federadas dirigidas por Ana de Castro Osório e por outras lutadoras pela igualdade de direitos.
Apesar das reformas empreendidas durante este período e, como já se referira anteriormente, a Primeira República teve inúmeros obstáculos, que se debatiam na situação económico-financeira, na instabilidade política e na instabilidade e descontentamento social.
A situação económico-financeira, entre 1910 e 1926, era caracterizada por questões problemáticas de três ordens: agrícola, industrial e crise financeira. A agricultura, base da economia portuguesa, estava consideravelmente estagnada, devendo-se à divisão da propriedade na região Norte (notava-se um predomínio de uma estrutura minifundiária). Tal divisão dificultava significativamente o uso de maquinaria, observando-se que a agricultura portuguesa era caracterizada por um enorme atraso tecnológico. Quanto às regiões Centro e Sul, nem mesmo a grande propriedade melhorava a situação, considerando que os solos eram demasiadamente inférteis. Finalmente, refere-se que tanto o forte absentismo como o grande fracasso das reformas agrárias da Primeira República foram factores para que a situação da agricultura portuguesa no início do séc. XX piorasse. O sector da indústria estava, igualmente, a passar por uma grave situação, pois os sectores da conserva, têxteis, moagem, vidro, metalurgia, tabaco e fósforo eram incipientes, existindo uma ausência de indústria pesada (na figura ao lado, observa-se a fábrica de edredons dos Armazéns do Chiado). Relativamente às vias-de-comunicação, evidenciava-se um forte atraso, visto que não tinham sido feitas quaisquer obras desde a sua construção, no Fontismo. Finaliza-se a situação económico-financeira com a crise financeira, que era devida a um extremo défice orçamental e a um crescimento da dívida pública, assim como a uma desvalorização da moeda. A desvalorização da moeda foi devida à inflação galopante e à fuga de capitais – explicável pelo motivo de Portugal estar longe de atingir a auto-suficiência, tendo, por conseguinte, de importar géneros alimentares e produtos industriais. Para além disso, a entrada na 1ª Grande Guerra - note-se que fez com que o escudo português desvalorizasse cada vez mais. Visto que éramos um país pobre, longe da auto-suficiência e que o mundo entra praticamente à escala global no conflito, Portugal sentiria brutais dificuldades em importar - (ver rodapé) agravou a crise, resultando em elevados racionamentos, numa especulação constante, no aumento da dívida pública e no aumento do custo de vida, visto que os salários não acompanhavam a subida dos preços e até baixavam com as grandes desvalorizações (observar o gráfico abaixo - "Evolução do nível de vida em Portugal 1796-1990" -, em que é relevante o período 1910-1925).
A instabilidade política era uma situação complexa. Pouco depois de ter sido instaurada a república, surgem divergências no seio do Partido Republicano, incentivadas por ambições pessoais de poder. Houve, consequentemente, grandes cisões internas. Por isso, uma vez eleitas as diminutas fracções deste partido, traziam para o Congresso as suas próprias rivalidades, surgindo, assim, lutas políticas. Por outro lado, refere-se que a Constituição de 1911 foi preniciosa quanto aos poderes legislativo e executivo, por atribuir a grande maioria do poder legislativo sobre o executivo. Logo, a grande e constante e interferência do Congresso no Governo resultou na clara ineficácia da acção governativa, dado que os desentendimentos entre as reduzidas fracções do Partido Republicano impossibilitavam a constituição de maiorias parlamentares. Confirma-se a instabilidade política descrita por, durante os dezasseis anos de regência da I República, terem havido oito eleições para a Presidência da República, nove para Chefe de Estado, tendo sido nomeados quarenta e cinco governos.
O descontentamento social vivido durante o período que tem sido aqui tratado foi provocado por alguns factores, tais como a situação financeira ter sido tremendamente sentida pelos assalariados e classes médias, ameaçados pelo constante aumento da taxa de desemprego e também como o facto das classes populares (igualmente conhecidas como "o povo miúdo") viverem na miséria, visto que, mesmo tendo um emprego, eram precariamente remuneradas e esse não proporcionar qualquer protecção social e, por outro, de estarem expostos à exploração do patrono. Daí, ressurge o sindicalismo português (greves mais significativas em 1912, 1917 e 1924), que assumiu, por vezes, uma vertente extremista e violenta (os atentados bombistas ilustram esta situação). A instabilidade social também teve origem na Oposição, que sempre contestara a República e que era composta pela Igreja Católica, pelos proprietários e capitalistas e também pelas classes médias. A Igreja contestava o carácter anti-clericalista e o ateísmo republicano - graças ao facto de em 1911 se ter criado a Lei da Separação Igreja/Estado (significava que a Igreja não podia exercer, oficialmente, mais influências no Estado Português, por causa da laicização) e o Registo Civil. Foi apoiada pela mentalidade conservadora e católica, do país agrário. Os proprietários e os capitalistas estavam infelizes com o carácter demasiadamente popular da legislação republicana, receosos das vagas de greve e ameaças bolchevique. Assim, anseavam por um governo forte.
Perante estas dificuldades, era praticamente impossível que a república portuguesa não ruísse. O país estava saturado da crise-económica, da instabilidade política e social e havia unanimidade na vontade de um governo que fosse capaz de restaurar a ordem e a tranquilidade e trouxesse a Portugal o desafogo económico. Desta forma, em 28 de Maio, 1926, forças antidemocráticas e antiparlamentares, quase sem oposição, organizaram um movimento militar, levando a cabo um Golpe de Estado. Ficou, por conseguinte, instituído um regime de ditadura militar, que está ilustrado pelas mais relevantes personagens - Salazar e Craveiro Lopes (note-se abaixo de "28 de Maio" está "Data gloriosa da Nação"). Este novo governo, extinguiu as liberdades individuais, dissolveu-se o Congresso da República e eliminou a totalidade das instituições de inspiração liberal e democrática. Durou até 25 de Abril de 1974.
(rodapé)
Portugal estava dividido entre neutralistas e intervencionistas e envia tropas para Angola, colónia cobiçada pelos Alemães, em 1914. Todavia, só entra oficialmente no conflito em 1916.
A regressão do demoliberalismo deveu-se a alguns factores: ao Komintern (vemos ao lado uma imagem publicitária da III Internacional Comunista) e o impacto do socialismo revolucionário e, por outro lado, à emergência dos autoritarismos.
Em primeiro lugar, o Komintern (ou Internacional Comunista) tinha como propósito a difusão dos ideais comunistas pelo mundo, coordenado, por conseguinte, a luta dos partidos operários mundiais, a fim de fazer com que o marxismo-leninismo triunfasse em todas as nações. Observa-se que o III Komintern originou uma grande vaga de greves e outros movimentos revolucionários por toda a Europa: o proletariado sonhava com o “paraíso” na terra, isto é, um mundo que os defendesse, tal como a URSS. Assim sendo, o proletariado europeu via no marxismo-leninismo a redenção e na URSS a luz que guiava a Revolução.
Contudo, Lenine e Trotsky defendiam vários critérios para que tal pudesse acontece – para que se desse a difusão ideológica comunista, essa difusão deveria ser dirigida somente por partidos comunistas, criados a partir do modelo russo, e fiéis ao marxismo-leninismo. Era preciso igualmente que de modo a que os partidos sociais-democratas e socialistas se pudessem tornar em partidos comunistas, teriam de se libertar das tendências reformistas-revisionistas, anarquistas e pequeno-burguesas. Teriam de defender a Rússia Bolchevista e o centralismo democrático.
Realça-se que no pós-Primeira Guerra, havia perturbações em todos os estratos sociais. Por um lado, a burguesia industrial e financeira, mesmo possuindo capacidades para melhor resistir às condições adversas, assistiu à desvalorização do seu património – alguns sectores não foram capazes de evitar a falência. As classes médias urbanas, que eram dependentes de salários ou de outro tipo de rendimento fixo, mostraram grandes dificuldades, já que inúmeros assalariados, que não conseguiram resistir à sua pauperização, acabaram por cair na proletarização que tanto desdenhavam. Por outro lado, centenas de milhar de agricultores, independentemente de serem titulares de capitais próprios ou dependentes do sector financeiro, acabaram por cair na ruína; e, finalmente, o operariado urbano e rural caiu na miséria, resultante da taxa de desemprego em constante e exponencial crescimento.
Fundaram-se, desta maneira, partidos comunistas (entre 1918 e 1923). Na Alemanha, em 1918, organizam-se conselhos de operários, soldados e marinheiros e a facção mais à esquerda do partido social-democrata reúne armas contra a República Parlamentar de Weimar. Os revolucionários, que pertenceram ao Partido Comunista Alemão, auto-apelidavam-se de espartaquistas e proclamavam na capital alemã uma “república socialista”. Todavia, este partido comunista acabou por ser dominado pelas tropas fiéis ao Governo, aquando da execução dos líderes comunistas (observa-se na figura, ao lado, a imagem imortalizada numa escultura de Rosa Luxemburg, uma das líderes do Partido Comunista Alemão).
Já na Hungria, a Comuna ou a República dos Conselhos implanta-se em Budapeste, mas as pressões internas e externas dificultaram a governação, fazendo com que o dirigente do movimento se retirasse em Agosto de 1921.
Finalmente, na Itália, em 1919, os camponeses ocupam terras incultas. No entanto, o movimento comunista é derrotado, ao considerar o facto da greve dos operários metalúrgicos ter originado a ocupação de fábricas, mas que foram impedidos pela ausência de créditos bancários, tal como pelo acordo entre o Governo, o Partido Socialista e a Confederação Social de Trabalho.
É nesta altura que surgem os autoritarismos. O surto de movimentos revolucionários, baseados na ideologia comunista russa incute medo na grande burguesia, proprietária e financeira, nas classes médias de funcionários e pequeno-burgueses – eram patriotas, amantes da ordem e cornservadores).
Por conseguinte, estes sectores conservadores organizaram-se em movimentos de reacção ao avanço do comunismo, tendo lançado campanhas anticomunistas, de carácter violento e agressivo. Apelaram também ao orgulho passado, ou seja, à grandeza do passado, à ordem, tal como à estabilidade que tinham culminado na grandeza das nações, contrastando com as doutrinas socialistas que, com o seu internacionalismo, questionavam a coesão nacional. As classes, já referidas, denunciavam a incapacidade dos governos democráticos de resolverem a crise económica e a instabilidade social, assim como as fragilidades do parlamentarismo, que tinham sido geradas nas permanentes lutas partidárias, consideradas inviabilizadoras da acção governativa. Organizavam, armam e financiam milícias populares, com a finalidade de espalhar o terror entre as organizações socialistas. Finalmente, procuravam o apoio das altas patentes militares, preparando-se para a luta política.
Como efeito, começam a surgir soluções autoritárias de direita – conservadoras e nacionalistas - , sobretudo nos países onde a democracia liberal não dispunha de raízes sólidas e/ou nos lugares onde a Primeira Grande Guerra provocara gravíssimos problemas económicos, humilhações e insatisfações.
Começam a surgir regimes autoritários (de extrema direita): em primeiro, na Itália, onde Mussolini com a Marcha sobre Roma obriga o Rei Vítor Manuel II a nomeá-lo chefe do executivo (como se pode observar na figura ao lado - Mussolini a apelar aos seus militantes) Assim sendo, o fascismo fica implantado neste país desde 1926, servindo de modelo e de inspiração ao resto da Europa por mais de vinte anos.
Na Espanha, entre 1923 e 1930, vive-se a ditadura militar de Manuel Rivera, tendo contado com o apoio do Rei Afonso XII. Afim de acabar com a instabilidade sociopolítica, Rivera suspende a Constituição, dissolve as Cortes e suprime os Partidos Políticos. Por último, na Alemanha Hitler e o seu putsh, em 1923, dirigido contra a República Parlamentar de Weimar.
Conclui-se que a emergência dos autoritarismos confirma a regressão do demoliberalismo (abaixo, vêmos uma imagem que caracteriza o "putsch" de Adolf Hitler).