- Um aglomerado de povos
A Península Balcânica trata-se de uma unidade política formada pelos povos "eslavos do sul", ou seja, pela Jugoslávia. É, assim, formada por seis repúblicas (Sérvia, Croácia, Eslovénia, Bósnia-Herzegovina, Macedónia e Montenegro) e por duas regiões autónomas (Kosovo, cuja maioria da população era albanesa, e Voivodina, cuja maioria populacional era húngara). As regiões autónomas estavam submetidas à administração Sérvia. Ao lado, o mapa da ex-Jugoslávia.
Ao longo dos anos 80, observou-se a formação de movimentos independentistas nas seis repúblicas. Aumentaram reciprocamente as tensões étnicas, que poderiam vir a derivar em violentas confrontações.
- Desintegração da Jugoslávia
A Jugoslávia desmoronou-se com a morte do Marechal Tito, em 1980, que lidara o regime de índole comunista até então nesta federação. A sua desintegração viria a confirmar-se com o colapso da URSS e dos seus estados-satélite.
As maiorias étnicas das seis repúblicas tornaram públicas as suas vontades independentistas quanto à hegemonia da Sérvia, nos anos 80.
A Croácia e a Eslovénia tornaram-se independentes em Junho de 1991; a Macedónia em Setembro; Bósnia-Herzegovina ainda neste ano. Quanto à Macedónia e Eslovénia, as suas independências foram processos relativamente pacíficos, o que não se observou com a Croácia: a sua independência foi extremamente sangrenta. Anunciou, mesmo, a guerra civil que envolveria as etnias balcânicas.
A intenção para a autonomia croata levou o exército jugoslavo, com Milosevic na liderança, a reprimir os seus movimentos independentistas. Com a intervenção da ONU, este primeiro conflito terminaria em 1991, quando ocorreu o anúncio da independência. A imagem ao lado, a bandeira da Croácia, simboliza a sua independência, dado que uma bandeira é um dos maiores símbolos do nacionalismo e, por conseguinte, do patriotismo.
Quanto à Bósnia-Herzegovina, em 1992, um plebiscito confirma a decisão do seu parlamento. Como tal, há o recomeço da guerra. Agora todos os Balcãs se viam envolvidos: colocou sérvios-bósnios, croatas-sérvios e muçulmanos-bósnios uns contra os outros. É o segundo conflito na região da Península Báltica. A figura ao lado reporta-se a dois soldados das tropas de Milosevic.
Milosevic empreendeu, neste segundo momento, uma política de limpeza étnica, que pretendia evitar a desintegração da Jugoslávia e perpetuar a preponderância da Sérvia. Levou a expulsões, bombardeamentos sobre civis, estabelecimento de campos de concentração e a intensos massacres.
No ano de 1994, as Nações Unidas passam a intervir, pela primeira vez, activamente nesta situação báltica, por autorizar a intervenção de um contingente militar da NATO.
A NATO viria a impôr a paz na Bósnia um ano posteriormente, devido ao Acordo de Dayton. Este dividia a Bósnia em duas áreas semi-autónomas: Sérvio-Bósnia, Muçulmano-Croata.
- Consequências da guerra na Bósnia-Herzegovina
A Federação Jugoslava tornou-se num Estado pouco sólido, sendo formado pela Sérvia e pelo Montenegro.
Em 2003, o nome "Jugoslávia" foi substituído por "Sérvia-Montenegro". Ainda assim, não era o prenúncio da estabilidade geopolítica na região dos Balcãs: um referendo, em 2006, faria com que a unidade política artificar da Sérvia-Montenegro se dissolvesse. Assim, apareciam dois Estados totalmente independentes.
Quanto a baixas civis, 200 mil mortos; 1,2 milhões de refugiados; 1,3 milhões de deslocados, que apenas deram início ao regresso em 1999.
Em 1996, o Tribunal Internacional de Justiça julga os responsáveis pelo genocídio, sendo, na maioria, políticos e militares sérvios. Neste julgamento, o caso mais significante foi o de Milosevic, pois era ele o líder do exército jugoslavo. Ainda assim, morreu no decorrer do julgamento.
A caricatura ao lado é-me interessante. Dois juízes observam Milosevic num caldeirão - simboliza o julgamento - e um deles tem uma colher na mão, o que significa que era provavelmente o juiz com preponderância no decorrer do julgamento, no Tribunal Penal Internacional. Diz "Maybe you should cut down on salt" ou seja "Talvez devesse cortar no sal", sendo uma clara referência à sua morte súbita.
- Caso do Kosovo
Em 1987, Milosevic decide anular a independência do Kosovo, que era uma província desde 1970.
Consequentemente, a população kosevera resiste, pois exigia a separação. Logo, Milosevic reprime violentamente a população, incluindo operações de limpeza étnica.
A comunidade internacional vem defender a população. A NATO, mesmo na inexistência de um mando formal das Nações Unidas, faz intensos bombardeamentos às posições sérvias.
Deste modo, o líder do exército Jugoslavo vê-se encurralado: tinha de admitir a derrota. As tropas sérvias batem em retirada e o Kosovo é colocado sob protecção da ONU.
Em 2008, o parlamento do Kosovo aprova a independência, separando-se oficialmente da Sérvia.
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