sexta-feira, 23 de abril de 2010

Comemorações da "Revolução dos Cravos"

Aqui está a conclusão do trabalho que realizei acerca das Revoltas Estudantis de 1962. Os dois primeiros parágrafos dizem respeito à conclusão dos antecedentes que tinha indicado no relatório.

"CONCLUSÃO

O facto de as propostas de modernização, abordadas na Estagnação do mundo rural não terem sido aceites pelos proprietários confirma o conservadorismo da sociedade portuguesa. A população, no Norte, preferia continuar com a pequena propriedade e garantir a sua subsistência. No Sul, era preferível continuar a viver com base na perpetuação dos reduzidos salários, dos subsídios e dos demais apoios subaproveitados pelo Estado. Iria demorar muito tempo para que o sector empresarial rural português percebesse esta alteração económica. As importações permaneceram como a exclusiva resposta. O défice português aumentava incessantemente.
Os anos 50, em Portugal, constituíram efectivamente a preparação da turbulência verificada na década de 1960. A violenta contra-ofensiva do fascismo salazarista foi sustentada pela viragem da Guerra Fria. Observa-se que a Universidade de Lisboa e, mais tarde, a de Coimbra, foram um dos pólos desta contra-ofensiva. Ao longo dos anos 60, inúmeros professores democráticos foram expulsos, presos ou até forçados ao exílio pela polícia política portuguesa – a PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado).
Manuela Bernardino, membro do Secretariado do Partido Comunista Português, afirma que as políticas de direita “abrem espaço” às organizações neo-nazis.
Concluo, através deste trabalho, que tanto a população estudantil como a população universitária tiveram uma rara situação de privilégio informativo que se tornou essencial à formação de uma consciência, rapidamente manifestada no final da década de 1950, com a luta contra a tentativa de manipular e censurar as Associações de Estudantes, ensaiada com o Decreto-Lei 40.900, e acabou por prosseguir ao longo da década de 1960.
Os estudantes comunistas tiveram efectivamente um contributo no desenrolar das Revoltas Estudantis de 1962. Relacionaram as estruturas do movimento estudantil e os meios artístico-intelectuais portugueses. As suas acções tiveram positivíssimas repercussões em estimulantes acções de divulgação – responsáveis pela galopante adesão ao movimento – e no surgimento de correntes que continuaram no futuro, na área da literatura, da poesia, da pintura, da música, ou seja, as melhores tradições que o fascismo queria aniquilar. Seguidamente, note-se que também favoreceram um frutífero elo de ligação entre a realidade estudantil e a realidade popular, que, até à data, era extremamente antagónica. Esta oposição é constatada pelo facto de a grande maioria da população portuguesa ser analfabeta (pela ausência de investimento governamental no sector educativo). A acção dos estudantes comunistas fez com que o próprio património de luta da juventude do Movimento de Unidade Democrática Juvenil – declarado ilegal em 1957 – se mantivesse em funcionamento. Faziam “bibliotecas” informais, onde divulgavam livros e revistas proibidos pela censura e que por serem suportados pelo acesso à época invulgar à leitura em língua estrangeira (sobretudo francês) foram lidos por largas centenas de estudantes. Logo, os estudantes comunistas foram responsáveis pela familiarização com Universos que a Censura tentava, a todo o custo, ocultar.
Pode observar-se já que o ponto de saturação da população portuguesa com o regime começava a aproximar-se da demasia. A acção conjunta da censura e da polícia política apenas são capazes de conter a oposição. Nem a Mocidade Portuguesa, frequentada outrora pela população estudantil que agora se revolta, o foi capaz de fazer. O ditador António de Oliveira Salazar defendia acerrimamente o conservadorismo. Contudo, se, num contexto internacional – de Guerra Fria –, as populações vêm as suas mentalidades constantemente alteradas, não se poderá esperar que a portuguesa permaneça inalterada.
O glorioso 25 de Abril mostrava já os seus prenúncios. A população estudantil estava saturada, os intelectuais sempre o estiveram e, rapidamente, as estruturas da oposição iriam divulgar de tal forma as suas crenças que adeririam surpreendentemente à revolução democrática. Para além disso, a emigração e o surto industrial também tiveram um contributo indubitável para a situação que se avizinhava. Faltava pouco para que as tropas da Guerra Colonial voltassem, que tinham entrado em contacto com outras ideias, outras mentalidades, para iniciarem a revolução. "


Aqui está a apresentação que contou com a participação de Cátia Brehm, aluna do 12º7ª:



Sem comentários:

Enviar um comentário