terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

As primeiras descolonizações entre 1900-1950

A primeira vaga independista iniciou-se no continente asiático, onde já se tinham dado movimentos anticolonialistas.
Em 1946, os EUA concedem a independência às Filipinas, como modelo para o continente europeu.

  • O caso da Índia
Ghandi inicia um processo de contestação da colonização britânica, considerando que a metrópole não cumprira a promessa da sua retirada, com o pretexto de um explosivo antagonismo entre hindus e muçulmanos.
Optou por apelar à não-violência e à resistência pacífica, ao iniciar este movimento anticolonialista. A resistência foi subsequente da deseobediência à ordem colonial e do boicote firme ao consumo de produtos britânicos, ou seja, a população indiana deixava de os consumir. Prejudicou fortemente a Grã-Bretanha, tendo em conta que, num clima de pós-guerra em que a sua economia estava extremamente lesada, o principal mercado externo era a Índia.
Mahatma Ghandi granjeou, para o processo indiano, a simpatia internacional. À medida que aumentavam as pressões, internacionais e nacionais, a Grã-Bretanha foi forçada a conceder a independência a esta colónia.
Com a descolonização da Índia, surge a União Indiana, habitada sobretudo por hindus, e o Paquistão, com dois territórios separados e cuja população era maioritariamente muçulmana. No mapa ao lado, o leitor observa as reformulações geográficas.


  • O caso da ilha de Ceilão
Esta ilha alcançou a independência em 1948. Mostrou ser uma descolonização pacífica, culminando com a entrega do poder pelo Governo Inglês a uma minoria pró-britânica

  • O caso da Birmânia
Este país terminou a sua descolonização também em 1948, quando um movimento nacionalista (apoiado pela superpotência soviética, dentro da esfera comunista) se recusara a regressar ao domínio da Grã-Bretanha, após ter sido libertada da ocupação japonesa, com a derrota do Eixo em 1945.

  • O caso da Indonésia
Os ocupantes japoneses admitem a independência deste Estado em 1945, antes de abandonarem o arquipélago que, historicamente, pertencia ao domínio colonial holandês.
Porém, quando os Países Baixos não reconhecem o Governo Republicano de Sukarno, originaram um processo de recolonização forçada. O povo indonésio responde com uma posição de não-violência e de deseobediência civil, tendo como paradigma o processo na Índia.
A Holanda foi levada a reconhecer a independência desta colónia no ano de 1949. Contudo, tinha em vista o estabelecimento de uma união política, que assegurasse os seus interesses económicos. Cinco anos mais tarde, essa união foi dissolvida efectivamente, com a independência total da Indonésia.
Na imagem acima, temos uma fotografia do Presidente Sukarno.

  • O caso da Malásia
Ao contrário do que foi aqui especificado acerca dos processos de descolonização da Índia, de Ceilão e da Indonésia, a Malásia alcançou a sua independência de uma forma bastante violenta.
A luta sangrenta entre as minorias nacionalistas, de influência comunista, fez com que a Grã-Bretanha oficializasse o estado de independência, em 1957.

  • O caso da Indochina
Tal como a Malásia, a independência da Indochina foi produto de uma sangrenta e demorada descolonização.
Tendo sofrido a ocupação do Japão, na 2ª Guerra, foram fomentados sentimentos antifranceses. Em 1945, com o desfecho da guerra, a França volta a ser soberana neste território.
Com a população contra a sua soberania, é-lhe feita uma grande oposição, liderada por Ho Chi Minh, que era o líder comunista.
Posso afirmar que a guerra da Indochina tomou um grande cariz ideológico, podendo ser encarada como uma extensão do comunismo na Ásia, numa altura da Guerra Fria (será especificada muito brevemente neste blog).
Considerando que a França fora derrotada em 1953, surgiram três novas nações: o Laos, o Vietname e o Cambodja.
Como o leitor poderá constatar pela imagem ao lado, o Vietname foi divido em dois territtórios. O território norte fora submetido à esfera comunista, enquanto o sul ficara na capitalista.


  • O caso do Médio Oriente
Nesta zona do continente asiático, registaram-se intensas manifestações para terminar a situação de protectorado, vivida desde o final do Império Otamo - consequente das Conferências de Paz de 1919, ver a primeira entrada, se não estou em erro, deste blog.
Surgem o Estado de Israel, o Líbano, a Líbia, a Síria e a Jordânia.


  • O caso do continente africano
A descolonização alastra para o continente africano, distinguindo-se como sendo o mais simbólico o caso da África do Sul.
Em primeiro lugar, a descolonização deu-se na África do Norte e, já nos anos 60, na África Negra.
Ao lado, a manchete do jornal London Gerald, que reporta a libertação de Nelson Mandela.




  • O neocolonialismo da CommonWealth
1947 foi um ano bastante enganador. Mesmo que o colonialismo tenha terminado na Índia, a União Indiana continuou a ser, de alguma forma, controlada pela Grã-Bretanha, sua antinga metrópole, na Commonwealth.
A Commonwealth é, assim sendo, definida como uma associação de Estados, historicamente relacionados com o Império Britânico, que foi regulamentada em 1931. Esta instituição foi uma manobra da Grã-Bretanha para manter os interesses económicos nas então regiões descolonizadas.

  • Conclusão
Vários autores afirmam que o final da época dos imperialismos europeus foi o o fenómeno político mais relevante da segunda metade do séc. XX, ao ter terminado cinco séculos de colonização.
Este fenómeno provocou enormes alterações no mapa geopolítico da Ásia e da África e, intrinsecamente, o redimensionamento nas relações internacionais. Provocou ainda a imposição do princípio da igualdade entre todos os povos.
Convém, nesta conclusão, que explique o motivo para o qual a descolonização da Índia é considerada o paradigma da ausência de violência neste processo. Deve-se ao facto de que, aquando do surgimento dos movimentos anticolonialistas, a Inglaterra não possuía uma situação económica favorável que lhe permitisse a entrada num conflito do tipo de uma guerra de descolonização.


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